QUEIRÓS, Eça. O Primo Basílio. São Paulo, SP: Ciranda Cultural, 2008, - (Coleção clássicos da literatura). 383 p. ISBN 978-85-380-0347-2
Escrito em 1878, "O Primo Basílio" é, além de um clássico, uma crítica à sociedade burguesa de Lisboa do século XIX. Eça de Queirós apresenta diversos personagens peculiares durante a narrativa, cada qual com suas preocupações e trejeitos que os fazem únicos.
A história se concentra com torno de Luísa, uma jovem casada com o engenheiro Jorge que vive em sua confortável casa com duas criadas a lhe fazerem praticamente tudo e recebendo visitas de seu núcleo social. Suas vidas seguiam muito tranquilamente até Jorge se ausentar à trabalho durante um longo período de tempo, e neste ínterim, volta a Lisboa um antigo amor de Luísa, seu primo Basílio, com quem esteve prestes a casar antes de o mesmo ir embora para o Brasil. Com a chegada de Basílio, Luísa sente aquela paixão reacender e cede aos encantos do sedutor primo. O que Luísa inocentemente não sabia, era da raiva e da ambição que cultivava Juliana, uma das criadas, que ao conseguir provas da traição de sua senhora, passa a chantageá-la.
No desenrolar da narrativa, o leitor passa a conhecer melhor e entender cada personagem secundário do núcleo social que cerca Luísa. Sebastião, amigo mais estimado de Jorge quer apenas manter a boa imagem de seus amigos perante à vizinhança, Dona Felicidade sonha em conquistar o Conselheiro Acácio, este sempre muito formal com todos amigos (uma formalidade que beira ao ridículo), enquanto Julião Zuzarte, o médico, representa o herege, com passagens muitas vezes cômicas. Desvenda-se até mesmo as verdadeiras intenções de Basílio logo que o mesmo é apresentado, e chega-se a sofrer as angústias de Luísa, pois bem vê-se que sua vida está caminhando para uma tragédia anunciada.
Com uma linguagem própria da época, "O Primo Basílio" no começo há de ser lido com calma, a fim de acostumar-se com a narrativa de Eça de Queirós, o que é muito fácil após algumas páginas, quando o leitor começa a prender-se à história e nem mais fazer distinção de certas palavras anteriormente desconhecidas. Ressalta-se a pitada de humor negro presente em algumas passagens, que tornam a leitura mais agradável a quem sabe apreciar. Sim, é possível rir lendo um clássico desse porte. E é claro, aos mais sensíveis, as lágrimas vêm aos olhos.
[Resenha participando do "Desafio Literário Skoob 2015". Abril: Mentira, enganação]