segunda-feira, 11 de julho de 2016

Livre

Por muitas vezes sinto vontade de ser verdadeiramente livre.
de pegar a estrada sem rumo
sentir o vento em meu rosto
Dirigir um clássico em uma estrada infinita
como nos filmes...
A liberdade é um conceito deturpado
pensamos ser livres
mas somos escravos do sistema
somos livres para escolher uma profissão
mas nem sempre ela nos leva onde queríamos chegar.
Sem nos darmos conta,
estamos presos à um emprego que não idealizávamos
E uma vida.
No interior, bem no fundo da alma
sabe-se que não está onde queria se estar
algo dentro de si clama por liberdade
mas será que pegar a estrada sanaria esse desejo?
Talvez, a sensação de liberdade faria sentir falta de segurança
Ou se tem segurança ou se é livre
Mas é possível praticar pequenos atos de liberdade
Aquelas loucuras que fazem sentir como se pudéssemos realizar qualquer coisa
Não pode-se ter medo da liberdade
De se jogar no oceano profundo
De voar nos céus infinitos da noite
De cavalgar a galope por campos verdejantes
De procurar aquilo que não sabemos o que é
Ainda sinto essa angústia
Que me leva a buscar coisas dentro e fora de mim
Que me faz emanar energia e consumir energia
A idealizar a liberdade fantasiosa de minha mente
A libertar minha alma para voar longe.



sábado, 30 de abril de 2016

Resenhando "A Bibliotecária de Auschwitz"

ITURBE, Antonio G. A Bibliotecária de Auschwitz. Rio de Janeiro, RJ: Agir, 2014. 368 p. ISBN 9788522015849.


Antonio G. Iturbe, escritor espanhol, escreve este romance baseado em uma história real de uma menina Tcheca, cujo crime aos olhos do 3º Reich, foi ter nascido em uma família judia. Edita Adlerova (Dita Dorachova) tinha apenas 9 anos quando os alemães invadiram Praga durante a Segunda Guerra Mundial. Aos poucos, ela e sua família se veem obrigados a deixar a vida confortável para trás, sendo deportados primeiro à guetos judaicos e após, para um dos campos de concentração mais famosos da história, Auschwitz-Birkenau, campo familiar mantido pelos nazistas.
Aos 14 anos, Dita encontra um propósito em meio àquelas mortes, doenças e horror. Ela torna-se a bibliotecária do bloco 31, uma escola mantida para as crianças presentes no campo de concentração por judeus que ainda não perderam as esperanças. Nessa escola, há 8 livros mantidos escondido dos nazistas. 8 tesouros, que tornam-se responsabilidade de Dita, que os ama como uma mãe ama um filho. O principal nome mantenedor do bloco 31 é Fredy Hirsch, professor admirado por todas pobres almas mantidas contra a vontade no campo, e único capaz de falar com os oficiais da SS como igual, talvez por ser alemão. Fredy mantém as esperanças e o ânimo de todos e sua principal preocupação são as crianças. É acima de tudo, um idealista que visa dar o mínimo de educação para aqueles meninos e meninas. Dita o admira infinitamente e dessa admiração, muitas vezes tira forças para continuar com sua missão, mesmo sentindo-se muitas vezes, apavorada.

O Livro


São personagens do romance figuras históricas como Josef Mengele, o Anjo da Morte. O médico nazista era conhecido por suas experiências com os internos de Auschwitz e seu fascínio pela genética, tendo obsessão por irmãos gêmeos. Ao ouvi-lo assoviar alguma ópera, o sangue daqueles infelizes encarcerados congelava ainda mais do que o frio da Polônia e o medo fazia-se ainda mais presente. Sobreviver àquele inferno às vezes deixava de fazer sentido, e muitos entregavam-se. Com as condições precárias de higiene, saúde e alimentação, os internos eram vítimas de muitas doenças e não resistiam. Muitos também eram executados.
Em meio à morte, fome e desespero, algumas tentativas de fugas são narradas no livro. Nesses capítulos a interrupção da leitura torna-se impossível, como em muitos momentos tensos do romance. Muitas histórias distintas aconteceram naqueles campos de concentração, e algumas são narradas concomitante à história de Dita e Hirsch, tornando a leitura mais interessante ainda.
As lágrimas vêm aos olhos em distintas passagens. Mortes tristes, sofrimento. Coloca-se no lugar destes personagens que sabe-se serem reais. A leitura é densa, e como poderia deixar de ser tratando-se de uma narrativa do que provavelmente foi o período mais negro da história mundial? Há de se ter muito preparo para escrever algo deste porte e neste aspecto o autor pode ser parabenizado, bem como sua pesquisa impecável que o levou à conhecer a verdadeira Dita e ouvir dela o que se passou durante aqueles anos, sobre as aulas no bloco 31 e o esconderijo daqueles livros que valiam para ela tanto quanto a comida escassa naquele tempo.
Não há como não tirar uma lição após a leitura de qualquer obra que trate de tal assunto. Primeiro, conclui-se que a humanidade pode ser incrivelmente ruim, subjugando seus semelhantes acreditando ser algo positivo. Segundo, descobrindo que existiram tais pessoas que mantinham as esperanças e se colocavam em risco em prol de crianças tão inocentes quanto eles, conclui-se que as pessoas podem ser igualmente boas. O amor pelos livros retratado ressalta virtudes na personagem principal que faz o leitor, assim como escritor, considerá-la uma heroína.

[Livro Resenhado para o Desafio Literário Skoob 2016. Abril. Holocausto]

segunda-feira, 14 de março de 2016

Resenhando "Pandora"

RICE, Anne. Pandora. Rio de Janeiro, RJ: Editora Rocco Ltda., 1998. 208 p. ISBN 8532509428

"Pandora" é mais um livro integrante das maravilhosas Crônicas Vampirescas da rainha dos vampiros literários, Anne Rice. Como os livros seguem certa ordem (inclusive As Crônicas Vampirescas mesclando-se com As Bruxas Mayfar), para melhor proveito da obra,  recomenda-se pelo menos a leitura até o livro "A Rainha dos Condenados" antes deste, devido à referências, visto que a personagem principal, Pandora, está presente em momentos importantes deste e personagens importantes da Rainha dos Condenados estão inseridos em grande parte da história de Pandora.
Neste volume da série, a autora descreve a vida da vampira Pandora, desde sua infância mortal na Roma antiga, cerca de 15 anos antes de Cristo, durante o reinado de Augusto César, passando pela ruína de sua família, sua transformação em imortal, e seu conturbado casamento com o vampiro Marius, a quem conhecia desde a infância e quem a transformou em vampira. A história é narrada em primeira pessoa, com a personagem central a escrevendo, à pedidos de David Talbot, importante personagem já introduzido em outras narrativas da autora (extremamente importante em "A Hora das Bruxas" I e II). 
Exemplar de minha humilde biblioteca

O famoso romance entre Marius e Pandora é detalhado nesta obra, e os dois séculos vivendo juntos na condição de guardiães da Mãe e do Pai de todos os vampiros serve para melhor compreensão da história apresentada em "A Rainha dos Condenados". Cada livro da série complementa o outro, por isso a importância de serem lidos na sequência correta.
"Pandora" é um livro importante para a saga como um todo e tem seus pontos fortes, porém não está entre as melhores obras de Anne Rice. Por muitas vezes a narrativa torna-se monótona, momentos esses que alternam-se com partes onde a leitura flui muito bem, fato presente em outros livros da autora. Os fatos históricos explicados durante a narrativa são interessantes, principalmente aos que admiram a cultura romana e grega, mostrando um belo trabalho da autora, bem como quando são inseridas narrativas acerca do nascimento de religiões e seitas sejam elas importantes no universo dos vampiros criados pela autora ou na realidade do universo em que vivemos.
Outro fato positivo é a personalidade de Pandora que desde sua vida mortal já mostrava ser uma mulher com atitudes e pensamentos próprios. Claro que eu não esperaria outra coisa de uma personagem feminina de Anne Rice que conquistou um volume próprio, tendo em vista que a força do feminino está tão presente nas obras da autora quanto o sangue que seus personagens consomem. 
Há de se entender que a proposta do livro difere um pouco dos demais, centrando-se em esclarecimentos e uma história passada. Considera-se uma leitura fundamental para os já fãs e iniciados no universo criado pela autora.

[Livro Resenhado para o Desafio Literário Skoob 2016. Março: AutorAs]

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Resenhando "Morte dos Reis"

CORNWELL, Bernard. Morte dos Reis. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2015. (As Crônicas Saxônicas; v.6). 375 p. ISBN 9788501098306.


"Morte dos Reis" é o sexto volume das Crônicas Saxônicas, série épica que conta até agora com 8 livros lançados no Brasil (o 9º deve chegar este ano), escrita pelo britânico Bernard Cornwell. A série se passa nos séculos IX e X durante as invasões dinamarquesas na Grã-Bretanha, e narra a unificação da Inglaterra desde os primórdios sonhos de Alfredo, o rei de Wessex, um dos reinos que viriam a constituir a Inglaterra, localizado ao sul.
Cornwell, assim como em suas outras obras, insere personagens e fatos fictícios em meio a acontecimentos históricos. Nesta série, o herói é Uhtred de Bebbanburg (personagem nem tão fictício assim, pois trata-se de um antepassado do autor), um saxão nascido na Nortúmbria (reino mais ao norte) que durante a infância é capturado por dinamarqueses e criado no meio destes, aprendendo com eles a lutar, cultuar seus Deuses e os amar. Uhtred, depois de adulto, se vê dividido entre os dinamarqueses e os saxões, mas sua honra sempre o leva à Alfredo de Wessex, por quem nutre uma profunda admiração, mesmo o desgostando. O protagonista luta por Wessex, mas sempre mantendo o sonho de um dia retomar seu lar na Nortúmbria, o inexpugnável castelo Bebbanburg, usurpado por seu tio, 
Em "Morte dos Reis", Wessex e grande parte da Mércia, ainda resistem aos dinamarqueses, e passa-se por um período sem que estes façam qualquer tentativa de invasão a esses reinos, o que faz muitos acreditarem que estão em uma época de paz. Uhtred sabe que quando há aparente paz, significa que alguém está planejando uma guerra. Obviamente, ele nunca vive uma vida tranquila, sendo neste volume da saga, mais vítima de armações e tramas do que nunca.
Alfredo, depois de um longo período doente, morre, mas não sem antes conseguir que Uhtred faça um juramento à seu filho, Eduardo, sucessor ao trono. O rei sabe que mesmo com a desaprovação dos padres, é Uhtred o grande responsável por manter Wessex livre dos dinamarqueses e conta com ele ao lado de seu filho. Logo após a morte de Alfredo, seu sobrinho Aethelwold, junta-se aos dinamarqueses contra os saxões a fim de tomar o trono de seu primo Eduardo. Após muitas deliberações, os saxões marcham para a batalha, que resulta em uma das narrativas mais épicas da série. 

O Livro 
Normalmente os livros dessa série terminam em batalhas épicas, onde o autor desenvolve as narrativas com tamanha maestria e conhecimentos históricos e bélicos (desmistificando possíveis romantizações de guerra previamente conhecidas), que o leitor sente-se dentro da parede de escudos empunhando uma espada. É possível sentir o júbilo da batalha junto com o protagonista, tamanha paixão e precisão da escrita impecável. Mas neste volume em especial, os momentos finais da batalha descrita, onde, como sempre, o inimigo é mais numeroso, provocaram arrepios nesta que vos escreve. Uhtred, agora com 45 anos, começando a notar que está velho, continua com sua impertinência adorável para com seus superiores. Ele é um guerreiro formidável, excelente estrategista em batalha e um protagonista divertido. Transparente, não traz mistérios, entende-se completamente suas amarguras e sentimentos. Junto com Finan e Osferth, seus fiéis companheiros, Uhtred vive um dos momentos mais emocionantes em batalhas da série, com a morte iminente os assombrando, porém mantendo a fúria de guerreiros que são.
Já Aethelflaed, mostra-se neste volume uma personagem em ascensão. Pouco lembrada pela história, a filha mais velha de Alfredo muito fez pela Inglaterra. Amada pelos mércios, ela comandou exércitos contra os dinamarqueses e lutou pelo sonho de seu pai junto à seu irmão Eduardo. Somando-se os fatos reais com seus romances nada convencionais, estes acrescentados pelo autor, ela representa a força e a coragem de uma mulher em uma época onde a igreja opressora imperava. Acredito que as leitoras da série, ao chegar ao final do sexto livro, depositam muita esperança nesta personagem, assim como essa que vos escreve, que gostou do gênio de Aethelflaed desde suas aparições na infância.
Vida longa à Bernard Cornwell, que além de entreter, nos brinda com aulas de história. Em seu sexto volume, as Crônicas Saxônicas continuam de tirar o fôlego, sempre com reviravoltas, traições, e claro, sangue. Destaque para as notas históricas ao final de cada livro, onde o autor explica fatos realmente ocorridos e as mudanças que achou pertinente inferir para o bem da narrativa.
Após mais um livro incrível, a leitura da série continua. E as batalhas também, pois os descendentes de Alfredo precisam terminar o que ele começou e Uhtred precisa retomar o que é seu. O destino é inexorável.

[Livro Resenhado para o Desafio Literário Skoob 2016. Junho: Livro com 3 palavras no título]

terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Morte

Algumas perguntas não devem ser feitas. 
Elas não estão na caixinha de perguntas.
Se uma pessoa desconhece o conteúdo da caixinha de perguntas, 
Ela faz perguntas desconfortáveis à outras pessoas de mente aguçada
Essas pessoas por sua vez não sabem o que responder.
Pois temem a morte
O conceito de morte deve ser revisto pelo sociedade
Morte é um renascimento
Uma passagem para outra vida
Uma outra vida possivelmente melhor
As pessoas creem que a vida é a melhor coisa que há
Porém estamos neste plano para evoluir e viver os karmas
Que mal há em conversar sobre a morte, única certeza da vida?
Em perguntar sobre a morte?
Somente loucos pensam sobre a morte? Sobre formas de morrer?
Pois as mesmas pessoas que desconhecem o conteúdo da caixinha de assuntos permitidos, ou não ligam para as regras, são as chamadas loucas.
As que imaginam sua morte
A morte das pessoas queridas
A morte dos inimigos
A morte dos desconhecidos.
A morte como uma agonia seguida de um consolo
De um doce sonho
De um despertar para a eternidade
Perguntas sobre a morte deveriam ser legalizadas
Pois mentes aguçadas pensam sobre a morte
Mas somente os subversivos têm coragem de verbalizar.




domingo, 10 de janeiro de 2016

Resenhando "Mestre Gil de Ham"

TOLKIEN, J.R.R. Mestre Gil de Ham; Ilustrado por Alan Lee. São Paulo, SP: Editora WMF Martins Fontes, 2012. 102 p. ISBN 9788578275778

Publicado pela primeira vez em 1949, "Mestre Gil de Ham" foi inicialmente uma história escrita por Tolkien para entreter seus filhos, bem como "O Hobbit" e "Roverandom". Diferente da história dO Hobbit que teve sua versão final mais detalhada, "Mestre Gil de Ham" teve poucas modificações do seu manuscrito original (publicado também nesta edição brasileira após a versão final). Trata-se de uma história genuinamente infantil, com pitadas de humor e muita aventura.
O livro
O enredo inicia-se apresentando Aegidius Ahenobarbus Julius Agricola de Hammo, um fazendeiro residente na aldeia de Ham, Grã-bretanha, cujo nome vulgar e mais chamado por todos é Mestre Gil de Ham. A história desenvolve-se em um passado muito antigo, onde Mestre Gil vive pacatamente com sua mulher, seu cachorro Garm e sua égua cinzenta, até um dia em que um gigante aparece em suas terras, matando sua vaca preferida, alguns carneiros, e destruindo tudo ao redor. Na verdade, o gigante estava apenas perdido tentando encontrar o caminho de casa, mas Mestre Gil, preocupado com sua propriedade toma-se de coragem e consegue afugentar o enorme gigante, dando início à sua reputação que chega aos ouvidos do rei, que manda uma espada (Caudimordax) de presente ao Mestre Gil. Caudimordax, ou Morde-Cauda (na língua vulgar) é uma espada que pertenceu a um famoso matador de dragões em um passado onde haviam muitos dragões no reino, e que torna-se útil novamente quando Chrysophylax, um rico e terrível dragão aparece próximo ao reino, causando morte e destruição. Mestre Gil é enviado com Caudimordax, uma armadura precária, sua égua cinzenta e seu cachorro junto aos cavaleiros do rei a fim de derrotar Chrysophylax.
Um dos maiores destaques, é o cachorro Garm, pois além de ser o personagem chave para os acontecimentos do livro, ele fala (sim, fala) e os momentos em que ele fala são bastante engraçados. O dragão Chrysophylax, apesar de ser o "vilão" da história, também detém falas engraçadas, tornando a narrativa leve e descontraída, indicada para crianças e adultos de todas as idades.
Sabe quando lemos um livro e pensamos: "Vou guardar este livro para meus filhos"? Pois bem, este deve ser um dos primeiros livros que uma criança a quem os pais pretendem criar na "doutrina Tolkieniana" deve ler. A leitura, com sua linguagem simplificada é ótima para introduzir o leitor no universo de Tolkien, além de fluir de forma agradável.

[Livro resenhado para o Desafio Literário Skoob 2016. Janeiro: Fantasia]

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Sonhos e Fantasias

Quando fiz 11 anos, minha carta de Hogwarts não chegou
Nunca encontrei uma passagem para Nárnia através de meu guarda roupa
Minha casa nunca foi levada para Oz em meio a um ciclone
Nunca encontrei um ovo de dragão (pois nunca fui à Alagaësia)
Nem uma toca de Hobbit
Muito menos Avalon
Já me conformei que Lestat nunca me concederá a vida eterna
E não mais espero poder voar sobre Fantasia em um Dragão da Sorte
Nem presenciar batalhas épicas em Westeros ou Essos
E não creio mais que um dia irei viajar ao centro da Terra
Ah como eu ansiava por conhecer a Terra Média
E Valinor
Mas ainda guardo esperanças de que quando eu partir deste plano
Mandos me receba em seus palácios
O destino de minha alma só ele, Manwe e Ilúvatar conhecem
Pois apesar de ter desejado por toda a vida ser uma elfa
Sou apenas uma humana...