quinta-feira, 30 de julho de 2020

As Crônicas de Artur: Excalibur - Bernard Cornwell

Último livro da trilogia As Crônicas de Artur, Excalibur, como é esperado em seu título esclarece a grande importância e o misticismo envolvendo a lendária espada de Artur, que segundo essa versão de sua história nunca chegou a ser rei, mas sim um líder aclamado e reconhecido até hoje, mesmo sem se ter certeza de que ele realmente existiu.
Devido fatos ocorridos no final do segundo livro, na primeira parte de Excalibur, Artur que sempre fora alegre e gentil está amargo e fechado. Além de problemas pessoais, ele enfrenta um período muito ruim na Britânia e são necessárias mais batalhas épicas como somente Bernard Cornwell descreve. Há fatos históricos que indicam que muitas dessas batalhas realmente ocorreram, mesmo em meio ao obscurantismo, e uma delas é cenário para um dos pontos altos da obra, Mynydd Baddon, onde o Artur retratado nos dois primeiros volumes da trilogia volta a aparecer aos seus velhos amigos e companheiros. E velhos não somente no sentido figurado, pois todos os personagens já envelheceram bastante para os padrões da época e sabem que estão caminhando rumo a última guerra de suas vidas.
Finalmente entendemos alguns fatos da vida de nosso querido narrador Derfel Cadarn e passamos a admirar cada vez mais sua história com sua amada Ceinwyn, personagem que simplesmente, não tem como não gostar.

O livro que finalizei com os olhos marejados

A redenção de Guinevere vem com esse volume da trilogia, onde passamos a admirá-la (pelo menos na versão concebida pelo autor). Em contrapartida, temos também personagem que a princípio era interessante e que provavelmente o leitor gostava, e passa a deixar suas crenças dominá-la e a leva a um caminho que nos faz entender que fanatismo nunca será algo positivo.
Ainda sobre personagens existentes na lenda, confesso que não apreciei ao todo o modo como Morgana foi retratada nessa história e nem de seu destino, porém sua força e poder continuam evidentes e nesse terceiro volume vemos uma prova disso, mostrando que a sacerdotisa de Merlin mesmo quando não quer é capaz de dominar a magia como o próprio druida. Merlin continua roubando a cena e semelhante ao segundo livro da saga, a magia continua tendo destaque.
A sequencia que encerra o livro na batalha de Camlann possui uma narração impecável, e mais uma vez entende-se que o autor é mestre em guerras. A descrição dos detalhes da batalha, do que Derfel vê, sente, o que cada personagem principal faz, suas expressões, falas, os cheiros, as sensações, tudo é impecável e faz o leitor se sentir em meio aos caos. O desfecho que segue a batalha não poderia ter sido melhor. Um final emocionante e digno para uma trilogia impecável. Tão lindo que meus olhos lacrimejaram ao me despedir de Artur, Merlin, Nimue, Guinevere, Morgana, Derfel, Ceinwyn, Sagramor e tantos outros. Definitivamente uma das melhores versões para a lenda de Artur!

O destino é inexorável (Merlin)

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Músicas do Heavy Metal inspiradas em livros

Muitos músicos compõem sob influência de certas inspirações e as vezes essa inspiração vem de alguma história lida em obras literárias. Nesse Dia Mundial do Rock vamos conhecer algumas obras provenientes dessas inspirações no mundo do Metal:

Sign of the Cross - Iron Maiden
A banda de Heavy Metal inglesa Iron Maiden possui inúmeras canções inspiradas em obras literárias, sendo uma delas Sign of the Cross, gravada originalmente no álbum The X Factor de 1995, inspirada no livro O Nome da Rosa de Umberto Eco, que se passa em um mosteiro do século XIV e envolve assassinatos e a ocultação de conhecimento.




Brave New World - Iron Maiden
A outra música do Iron Maiden escolhida para esta lista é Brave New World, lançada em 2000 no álbum homônimo, inspirada no livro também homônimo, Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, distopia que se passa em um futuro distante onde as pessoas são controladas por um regime totalitário.



Lord of the Rings - Blind Guardian
Todo fã da banda alemã de power metal Blind Guardian sabe do quanto a obra de Tolkien inspirou algumas composições da banda. Lord of the Rings, gravada no álbum Tales from the Twilight World de 1990 fala sobre a obra homônima de Tolkien, O Senhor dos Anéis, contando sobre os anéis de poder.




Nightfall in Middle-Earth - Blind Guardian
Na verdade, o Nightfall in Middle Earth (1998) é um álbum, onde mais uma vez o Blind Guardian visita a mitologia tolkieniana. O álbum conceitual apresenta 22 faixas inspiradas no livro O Silmarillion, onde Tolkien narra toda a formação do universo concebido por ele magistralmente. Se preciso fosse destacar apenas uma música desse álbum, escolheria Nightfall, pois fala sobre a destruição das árvores que iluminavam Valinor, Laurelin e Telperion, pela aranha gigante Ungoliant, enviada por Melkor, primeiro Senhor da Escuridão.




The Wizard - Black Sabbath
A Terra Média reina no mundo das bandas que já tiraram inspiração de livros. The Wizard da banda britânica que inventou o Heavy Metal, Black Sabbath, é inspirada no mago Gandalf. O baixista Geezer Butler informou em uma entrevista que na época em que escreveu a letra estava lendo O Senhor dos Anéis.




Take the Black - Hammerfall
Muitas bandas de metal fizeram músicas inspiradas no universo das Crônicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, porém a escolhida para esta lista é Take the Black da banda sueca Hammerfall, que fala sobre a Patrulha da Noite. A música foi gravada no álbum "Chapter V: Unbent, Unbowed, Unbroken" de 2005, que curiosamente traz em seu nome o lema da Casa Martell (Insubmissos, Não Curvados, Não Quebrados). O mesmo álbum ainda conta com a faixa "Fury of the Wild", que parece falar sobre os Selvagens que vivem para lá da Muralha.



For Whom The Bell Tolls - Metallica
A música For Whom The Bell Tolls, gravada no ábum Ride the Lightning em 1984, é inspirada no romance homônimo "Por quem os Sinos Dobram", de Ernest Hemingway, que é ambientado durante a Guerra Civil Espanhola na década de 30.



sábado, 11 de julho de 2020

O Lobo de Gaia (Contos de Árian) - Daniel R. Salgado

O Lobo de Gaia é o segundo livro dos Contos de Árian, de Daniel R. Salgado, que inicia-se dois anos após os acontecimentos de seu antecessor, "O Caçador de Gigantes" com o guerreiro Kael, que muitos acreditavam estar morto, descobrindo mais sobre o futuro de sua filha Rhianne (cujo nascido deu-se  envolto em uma profecia) através de Deuses celtas, incluindo alguns que ainda não haviam se apresentado pessoalmente ao guerreiro. Kael mais uma vez parte em jornada com seus companheiros e mais uma vez por Rhianne, cuja vida está ameaçada pelo culto ao Caos. Concomitante a esses fatos, em Tanória vemos o desenrolar de um golpe sofrido por Nalissa, agora Rainha deposta, e sua fuga do reino, deixando seu trono para trás com a certeza de que o reconquistará.
Neste volume da saga são apresentados mais seres, deuses e semideuses das mitologias celtas, nórdica, grega e egípcia, todos coexistindo em um universo fantástico criado pelo autor. Conhecemos mais sobre as Amazonas, guerreiras gregas que no primeiro volume foram apresentadas somente através de Neaira, e mais sobre o passado de Kael, incluindo um poderoso semideus a quem o guerreiro serviu em outras épocas.

O Lobo de Gaia, publicado em 2007 pela Editora Novo Século
Nesse livro vemos uma grande evolução na história, com mais trechos envolvendo batalhas com seus detalhes bem narrados e do personagem central, pois Kael está mais maduro, mais determinado, e resignado perante certas coisas que não concebia tempos antes.
Destaca-se uma personagem brevemente introduzida no livro predecessor e desenvolvida em O Lobo de Gaia, Hildrid, uma guerreira formidável possuidora de uma beleza sobre-humana, uma valquíria que possui um papel muito importante na história do livro, assim como outras personagens femininas. Um ponto muito positivo da história são as diversas mulheres fortes e importantes nos dois livros dos Contos de Árian, tendo ainda mais destaque no segundo volume que deixa uma promessa de ainda conhecermos outras personagens tão fascinantes quanto as já apresentadas, assim como fatos que foram citados e entendemos que precisam ter seu desenrolar.
Ainda mais dinâmico que o primeiro livro, o leitor finaliza a leitura dO Lobo de Gaia sem fôlego após uma sequência de batalhas épicas e com vontade de conhecer mais sobre o mundo de Árian.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

O Caçador de Gigantes (Contos de Árian) - Daniel R. Salgado

Publicado em 2006, O Caçador de Gigantes é o primeiro livro dos Contos de Árian, saga épica medieval fantástica criada pelo escritor brasileiro Daniel Rodrigues Salgado. No livro conhecemos a história de Kael, guerreiro bárbaro da Gaéria, terra fictícia inserida na porção norte do primeiro continente de Árian, mundo criado pelo autor. Kael é um guerreiro formidável em batalha e um ótimo estrategista, sendo um homem bruto porém muito fiel a seus amigos e a seu povo.
Ao sul da Gaéria, Nalissa, princesa de Tanória, maior reino do continente, ao chegar ao reino vizinho e aliado, Vaerin, é informada pelo rei Braeden de que uma fera está trazendo caos a seu reino, atacando pessoas e povoados sem conseguir ser dominada por nenhum homem. Apoiada pelo capitão de sua guarda e grande amigo Lucius, a princesa Nalissa decide ajudar Braeden partindo em busca de um guerreiro bárbaro gaério, cujo as lendas contam, trata-se de um matador de gigantes. Nalissa e Lucius após passarem por grandes dificuldades na Gaéria conhecem Kael, de quem as lendas falam junto de alguns de seus companheiros e amigos, entre eles, o lobo Connal, de quem Kael é inseparável, e enquanto a princesa tenta convencer o guerreiro a ajudá-los no reino vizinho, conhece muito de seu povo e sua cultura, aprendendo a os admirar e respeitar. 
Logo o leitor conhece algumas histórias acerca da vida de Kael importantes para o desenrolar dos fatos e os personagens principais são envolvidos em uma trama maior, envolvendo uma profecia, vingança, traições, batalhas sangrentas e uma dose de misticismo, e vemos o que um guerreiro é capaz de fazer quando a vida de sua filha ainda na barriga de sua mãe é ameaçada.

1ª edição do livro, pela editora Novo Século

O mundo que o autor criou para ambientar suas histórias é inspirado em mitologias antigas e existentes, sendo que em cada local específico do continente há uma dessas culturas dominantes, onde as pessoas cultuam seus deuses e usam vestimentas típicas fazendo referência às mesmas, além da aparência física dos habitantes que também muda conforme a localidade. Nos reinos considerados civilizados que conhecemos ou foram citados, Tanória, Vaerin e Mératon, predomina a cultura grega, onde Zeus é cultuado como o maior e mais importante deus. Na Gaéria, terra de Kael, os habitantes assemelham-se aos celtas, chamando a Mãe Terra de Danu, respeitando muito os animais e a natureza, tendo druidas e acreditando em outros deuses dessa mitologia, como Morrighan. Conhecemos um habitante de terras localizadas mais ao oriente, um cigano que conta sobre a cultura de um local que muito assemelha-se ao Egito mas parece ser de origem árabe e ainda são introduzidos alguns viking de Midgard, terra vizinha da Gaéria onde visivelmente domina a cultura nórdica. Nas primeiras páginas do livro é encontrado o mapa do continente que muito auxilia o leitor a situar-se, artifício comum e muito necessário em épicos com mundos fictícios.
A narrativa é muito bem escrita, porém a leitura é descomplicada, prendendo a atenção do leitor do início ao fim. Muito indicada para quem aprecia uma boa história de ficção medieval / fantasia de qualidade.

domingo, 5 de julho de 2020

Orgulho e Preconceito - Jane Austen

Publicado em 1813, Orgulho e Preconceito é o segundo romance de Jane Austen, uma das maiores escritoras da literatura inglesa, tendo sua importância equiparada à de Shakespere. Sendo a obra mais conhecida da autora, Orgulho e Preconceito retrata a sociedade provinciana da Inglaterra entre os séculos XVIII e XIX, mais especificamente como eram conduzidas as relações entre pessoas e a importância que conquistar um bom casamento tinha para as mulheres da época.
Para Elizabeth Bennet, personagem principal, amante de livros e sem dúvidas, elemento mais íntegro da história, encontrar um pretendente não era prioridade, ao contrário do que pensava sua mãe e algumas de suas irmãs (com Elizabeth, elas eram em 5 irmãs, sem nenhum irmão homem). Logo no início da trama a família conhece um rico cavalheiro recém chegado à região, Senhor Bingley, que logo se interessa por Jane, irmã mais velha e pessoa mais próxima de Elizabeth. Sendo muito amável, o jovem logo desperta a simpatia de todos, ao contrário de seu amigo que está hospedado em sua casa, Senhor Darcy, homem ainda mais rico do que Bingley e também muito orgulhoso e desagradável à primeira impressão. Elizabeth logo antipatiza com Darcy, que a princípio a despreza, porém de tanto o acaso os reunir nos mesmos ambientes, este começa a admirar a moça que é diferente das pessoas que fazem de tudo para agradá-lo. Elizabeth é impertinente e não aceita ser cortês com alguém somente por seu elevado status social, sendo muito bem articulada, responde à altura não importa quem lhe dirija a palavra. 

Livro da Editora Ciranda Cultural, com capa dura, cortes coloridos e fita para marcar páginas

Muitas reviravoltas ocorrem no decorrer da narrativa, não sendo uma história puramente romântica, mas sim um retrato de como as pessoas agiam devido seus interessantes e de suas famílias. O livro tem personagens muito bem construídos, como o próprio Senhor Darcy, em quem é notória a evolução conforme o tempo transcorre, e muitos personagens detestáveis, como Lady Catherine de Bourgh, tia de Darcy, Senhor Collins, primo das meninas Bennet e as irmãs de Bingley. Não pode-se deixar de citar os pais das meninas, a Senhora Bennet cuja única preocupação era ver as filhas casadas e que por diversas vezes quase arruinou seus próprios desejos por conta de seus disparates, e o Senhor Bennet, o oposto de sua esposa, homem tranquilo e que adorava sua filha Elizabeth, sendo um pai muito compreensivo.
A obra é sem dúvidas um clássico com uma história leve e bem escrita, porém o estilo da autora pode ser um obstáculo, visto ser um livro do início do século XIX, fazendo com que as vezes seja cansativo ler por muitas horas, porém ao apegar-se a trama tais obstáculos não se fazem tão importantes. Recomenda-se para todos que apreciam obras clássicas e bem escritas com personagens distintos e como já mencionado, bem construídos.