terça-feira, 23 de dezembro de 2014

Aos Mestres

 Muito compara-se novos gênios a gênios mortos. A imbecilidade do ser humano o torna incapaz de admirar e respeitar cada qual com suas diferenças e promove discussões desnecessárias sobre quem é o melhor, qual obra é mais completa, qual personagem é mais forte e corajoso.
O gênero comumente chamado "Fantasia" ganhou nos últimos anos uma de suas obras primas (ainda incompleta), "As Crônicas de Gelo e Fogo", escrita por George R. R. Martin. Há quem não ache os livros da saga uma obra prima, o que é normal, pois o que seria do cinema se todos só apreciassem literatura? Metáforas a parte, não gostar dos livros de George Martin é compreensível. O que é inadmissível é sua constante comparação ao mestre supremo J. R. R. Tolkien. Os dois viveram de maneira absurdamente diferente, cada qual com suas ideias, e o próprio Martin já declarou que se sente lisonjeado ao ser comparado a Tolkien, mas reconhece a superioridade do lendário escritor britânico, humildemente, o que seria o suficiente para cessar as discussões. Mas não, cada vez mais aparecem pseudo fãs de Tolkien expelindo suas palavras pessimistas de que só a obra do Tolkien é boa e nada mais. Isso me faz pensar que essas pessoas não leem realmente, não abrem a mente para novos livros, passam a vida lendo só um autor e os mesmos livros repetidas vezes. Pessoas assim não são dignas de nenhum tipo de literatura. Quem realmente lê percebe as diferenças entre as obras desses dois grandes autores, por exemplo.
Os livros foram concebidos para serem apreciados, e é claro que é saudável conversar sobre seus conteúdos, autores e percepções pessoais. Gostar mais de determinado livro ou autor não é problema nenhum, o problema começa quando palavras são jogadas ao vento com o intuito de ferir a dignidade de certo autor, ao dizer que ele "nunca será como o outro porque o outro é o melhor porque sim". Crianças mimadas, é o que essas pessoas são.
É senso comum que Tolkien é o pai da fantasia moderna e que pode-se encontrar referências e inspirações da obra dele em praticamente todo livro do gênero que tenha vindo depois. Mas esquece-se  de que o grande mestre se inspirou na mitologia nórdica para escrever seus livros. Qualquer um dos autores atuais acusados de plagiar Tolkien pode muito bem se interessar por mitologia nórdica e com ela ter ideias para seus livros, assim como podem se inspirar realmente no Silmarillion. Isso não o faz um autor medíocre, apenas alguém com ideias próximas às de Tolkien.
Tolkien é a maior referência na literatura fantástica sim, ele é um gênio sim, ele criou mundos, linguagens, culturas e tantas coisas que a maioria das pessoas não seria capaz. Mas Martin também criou um mundo com tantas subdivisões e tribos, culturas, e palavras de linguagens inexistentes até então. Ele merece e deve ser chamado de Mestre também. Ele merece ser reconhecido sem nenhum tipo de comparação com nenhum escritor, porque assim como Tolkien, ele é único!
É possível amar "O Senhor dos Anéis" e amar igualmente "As Crônicas de Gelo e Fogo". É possível reconhecer genialidade em cada uma das sagas. É possível somente apreciar as obras, sem comparações, sem dramas. Somente com o prazer de ser transportado para outros mundos, onde pode-se ser Daenerys Targaryen e voar em um dragão ou ser Galadriel e caminhar por Lothlórien. Sim, é possível apenas encher os olhos e mergulhar na genialidade!

sábado, 13 de dezembro de 2014

Sobre Maldade (e bondade)

Ninguém é mau sempre
As vezes, uma determinada pessoa pode estar má.
O ser humano nasce 50% mau e 50% bom.
Dependendo do dia, o lado mau pode apoderar-se, deixando a pessoa 85% má, por exemplo
Neste dia, a pessoa está má.
O contrário também pode ocorrer, embora seja mais fácil pender para o lado mau.
É como se dentro de cada um existissem duas feras brigando.
Todos os dias, ao acordar, a briga começa, e em poucos minutos se decide.
Por algum tempo, a fera perdedora permanece acuada, deixando a outra comandar
Até que algo desencadeie uma mudança dentro do ser
E vendo assim uma chance de reversão, a fera que inicialmente havia sido abatida se levanta
E a luta recomeça.
Todos sabem que o certo é alimentar a fera boa, deixar que ela sempre vença.
Mas por mais que exista esforço, a fera má nunca morre.
Ela sempre está à espreita.
Ao menor deslize ela ergue-se com todo seu poder e arranca a fera boa do seu lugar de honra.
E ao tomar conta de algum ser por muitas vezes consecutivas, as batalhas tornam-se cada vez piores para a fera boa.
É muito mais fácil a fera boa morrer dentro de alguém do que a má.
É mais fácil alimentar a fera má
Porque basta omitir-se.
A fera boa precisa de mais alimento do que a fera má
Quando um ser omite-se, a fera má prevalece e fica cada vez mais forte.
Deixando a pessoa má.
E quando a fera má prevalece recorrentemente, a pessoa não mais estará má
Ela será má.
Provavelmente cada vez mais, até que chegue a 95% de maldade em todos os dias de sua vida.
E os outros 5%?
A fera boa está adormecida, esperando que algo a acorde
Para tentar fazer o que é certo, mais uma vez.

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

A Vida é Essa...

Alguns são felizes por naturezas, com a felicidade que vem de dentro.
Outros, como ela, nunca estarão completamente felizes
Não é sua culpa, ela não consegue manter a felicidade por muito tempo
Como se houvesse um buraco negro dentro da alma sugando as alegrias
Como uma nuvem de chuva sobre a sua cabeça.
Ela tem consciência de que deveria ser grata pela vida e por tudo o que tem
Mas é mais forte do que ela
A tristeza vence os momentos de alegria
Os momentos de felicidade existem sim
Mas são apenas momentos, logo eles passam
e dão lugar à rotineira tristeza e insatisfação
É claro que a vida tem seu lado bom
e é claro que ela tem consciência disso
mas aquele início de depressão a consome
Será que seria bipolaridade? Ou Distimia? Ou falta de vergonha na cara?
Ela tenta se convencer de que depressão é doença de quem não tem o que fazer
Mas a sobrecarga a deixa deprimida
Ela se sente fraca por não aguentar
"A vida é essa, minha filha", já dizia a sua vó
Uma pessoa conformada.
Não feliz, mas conformada
Como sua mãe, uma assumidamente "não-feliz"
Será mal que atinge as mulheres da família?
Ela não sabe identificar a raiz do problema
Ela só sabe criar mais problemas
e temer o futuro incerto
O peso de ser filha unica e ser bem sucedida, de se formar, ter casa, família, felicidade
A cobrança das pessoas pela sua felicidade
Ela externa felicidade
Mas é uma felicidade forjada
Ou extraída dos pequenos momentos de alegria que logo passam, aqueles que são impossíveis de se segurar.
Esses pequenos momentos a satisfazem na maior parte do tempo
Mas há aqueles momentos de crise
"Pra onde minha vida está indo?", ela se pergunta
Mas ela não tem as respostas
A falta de controle a deixa mais incomodada
Talvez por isso ela seja tão triste
Porque não se pode controlar tudo.
A vida é incerta.

terça-feira, 25 de novembro de 2014

Alma

Alma inquieta
Que procura por algo que desconhece
Alma que quer aventuras por vezes
E calmaria por um tempo 
Alma que não sabe bem o que quer
Mas que sabe o que não quer
Alma que não quer apenas ser alma
Alma que almeja a elevação por meio de atitudes grandiosas
Alma naturalmente pura
Com pequenas manchas escuras na aura
Alma imperfeita
Como a maioria das outras almas
Alma antiga
Conhecedora de muitos mundos
Alma amante
De muitas outras almas
Alma que por vezes procura a calma
E encontra um oceano
que acalma a alma.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Fuga

Por quê preferir a fantasia à realidade?
A realidade é cruel, vivemos em um mundo onde corre-se o risco iminente de sangrar até a morte por alguns trocados. O risco de sair na rua e não voltar nunca mais para o conforto do lar, onde há livros de ficção.
Ao ligar a televisão em um noticiário nos deparamos com violência urbana, guerras civis, desastres naturais, acidentes fatais. Ao trocar de canal, pode-se assistir um filme ou série onde nada é real. E voltamos à zona de conforto.
A vontade de alienar-se é grande diante de todas as tragédias que presenciamos desde o amanhecer ao ouvir o rádio, até a noite, olhando alguns sites de notícia. Perde-se a vontade de viver e cresce a vontade de ficar embaixo das cobertas lendo o dia inteiro.
Porque lendo, pode-se viajar para muitos lugares, até mundos diferentes. Pode-se presenciar cenas fantásticas e até violentas, mas com a certeza de que nada de mau nos acontecerá.
É bom poder fugir do mundo real, seja nos livros, filmes ou pensamentos.
Ah se eu pudesse nunca mais sair lá fora, onde o mundo é cruel, as pessoas são cruéis e a realidade é cruel.
Mas preciso.
Preciso estudar para um dia poder tornar o mundo um lugar menos pior.
Preciso trabalhar para comprar livros.
Livros são uma válvula de escape para pessoas que não se conformam com a crueldade de outras pessoas.
Pessoas são o problema e a solução.
Algumas pessoas maltratam animais.
Outras escrevem livros.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Resenhando "Vidas Secas"

RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 114 ed. Rio de Janeiro, RJ: Record, 2010. 174 p. ISBN 9788501067340.

Publicado pela primeira vez em 1938, Vidas Secas narra a história de uma família de retirantes sertanejos que vive uma vida de migrações em busca de trabalho, comida e morada.
Sempre temendo a seca (e às vezes as cheias), a família de Fabiano vê o tempo passar em variadas épocas, narradas atemporalmente (a não ser pelos primeiro e último capítulo) sob o ponto de vista de cada um deles, cada qual com seus conflitos internos, desejos simplórios e pensamentos.

Sem dúvidas, o grande destaque do livro é a icônica Baleia, a cachorra de estimação da família que sobreviveu às piores provações ao lado dos donos. Graciliano Ramos conseguiu que uma cachorrinha cativasse mais seus leitores do que os personagens humanos, talvez pelo fato de que Baleia represente aquele animal querido que quase todos tiveram em suas infâncias. Tendo uma vida sofrida como a família de Fabiano ou não, não há como não se emocionar com o turbilhão de emoções sentida pela cachorra ou pelo próprio Fabiano quando precisa decidir pela vida de sua pequena companheira. O mesmo pode-se dizer de Sinha Vitória que chora ao lembrar do papagaio sacrificado para saciar a fome dela, do marido e dos dois filhos.

Um livro com personagens tão simplórios e com significados tão complexos, como poucos autores seriam capazes de escrever. Triste e angustiante em algumas partes, divertido em outras. Um clássico da literatura nacional que retrata a realidade sofrida por grande parte do povo nordestino e o caráter de um vaqueiro rude que mal sabe usar as palavras, mas é mais digno que aqueles que têm sobre ele poder. E que apesar das privações, nem ele e nem sua família perdem as esperanças de encontrar um lugar melhor.


sábado, 9 de agosto de 2014

O Erotismo dos Livros

Livros não podem somente serem lidos
Eles precisam de romantismo
Há de se estar preparado para cada livro
Há de se sentir que chegou a hora para determinado livro
É como se aquele livro na estante chamasse pelo nome do leitor
Tocá-lo, cheirá-lo, sentir sua essência
Prever se o momento é oportuno
De algum modo ele atrai a atenção para si
Rendendo a pessoa em um êxtase sem fim
A sintonia deve existir para que a experiência seja completa
O momento tem que ser o certo
Então acontece
Como aquela pessoa que está ao nosso lado e faz-nos apaixonar de repente
E existe amor à primeira vista com os livros também
O amor à primeira folheada
Às vezes eles já são maduros
Amarelados, rasgados, com algumas folhas amassadas
Então o amor sorri para eles novamente
Em uma prateleira de sebo qualquer
E alguém os resgata para mais momentos de paixão tórrida
Às vezes eles são jovens
Com suas capas bonitas e vistosas
Naquela livraria badalada
E encontram o amor verdadeiro que pagou seu preço sem titubear
Às vezes acontece um namoro virtual
E depois de tanto esperar pelo encontro, eles aparecem na porta de casa
Os olhos brilham ao vê-lo despindo-se das embalagens
Há os promíscuos também
Nas bibliotecas, vivendo muitas paixões
Transmitindo informação e entretenimento para todos que o quiserem
E aproveitando o toque de muitas mãos
E olhares gulosos de muitos olhos
Algumas pessoas também são promíscuas com seus livros
Comprando-os e revendendo-os
Para viver outros amores exclusivos depois
Eu não
Caso com a grande maioria deles
E tento dividir meu amor igualmente entre todos
Às vezes deixo eles viverem paixonites em outros braços
Mas eles sempre voltam para mim e meu ciúme doentio
Porque dentre as paixões que tenho na vida
Essa tenho certeza de que será eterna.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Resenhando "Herança"

PAOLINI, Christopher. Herança. Rio de Janeiro, RJ: Rocco Jovens Leitores, 2012. 790 p. ISBN 9788579801242.

Para quem acompanhou a saga de Eragon e Saphira desde o primeiro livro, é impossível se despedir do "Ciclo da Herança" sem um certo pesar. Em "Herança", Christopher Paolini demonstrou mais uma vez ser um grande nome da literatura fantástica, e é notável seu amadurecimento no desfecho da série. Ele nos fez cair de amores pela história dos dragões e seus Cavaleiros e nos trouxe um mundo onde raças diferentes como humanos, elfos, anões e urgals, outrora inimigos, agora se unem com um só propósito: lutar contra Galbatorix, o grande vilão da história, que criou enorme curiosidade nos leitores por só aparecer no último volume da série.

Em partes, o final era esperado, mas o autor conseguiu surpreender com algumas descobertas no decorrer do livro e com o caráter das personagens que honram seus deveres acima de tudo (incluindo sua própria felicidade) e o leitor mais sensível corre sérios riscos de lacrimejar ao final da narrativa. Resta a esperança de que Paolini volte a nos brindar com outras histórias na Alagaesia, e talvez nos dê notícias de Eragon, Saphira, Arya, Roran, Nasuada, Angela e tantos outros personagens que fizeram parte dessa aventura.

Uma certa melancolia nos apodera ao final de qualquer série que tenha-nos apegado, mas essa em especial, deixou um mundo tão vasto e tantas personagens interessantes que é difícil dizer adeus simplesmente. No final, demonstrou ser não só um livro de fantasia, mas um livro com apelo filosófico em algumas passagens, que podem ser transferidas para o "mundo real" e nos faz pensar e aplicar o que aprendemos em nossas vidas. Por isso ele se torna tão especial. Por isso a leitura dessa saga vale muito a pena.

Resenhando "A Batalha do Apocalipse"

SPOHR, Eduardo. A batalha do Apocalipse: da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo. 17 ed. Campinas, SP: Verus, 2011. 586 p. ISBN 9788576860761.

A Batalha do Apocalipse é um livro que gerou muitas expectativas nos leitores ao seu lançamento, sobretudo em quem apoia a literatura nacional e sempre está a procura de novos autores de literatura fantástica. Eduardo Spohr se mostrou criativo ao introduzir variadas mitologias na história, batalhas inspiradas em mangas e animes, e fatos históricos importantes em meio à ficção.

Em algumas passagens, a leitura se torna demorada e talvez seja preciso um pequeno esforço para continuar, principalmente durante alguns flashbacks em que a narrativa passa a ser em primeira pessoa, descrita por Ablon, o personagem principal, o único anjo renegado ainda vivo que tem por missão, impedir o apocalipse. Ao seu lado, está sua amada Shamira,a Feiticeira de En-Dor, que espera por um mundo diferente, onde possa viver em paz com o anjo. Entre tantos personagens incríveis, estão Miguel e Lúcifer, ambiciosos cada qual com seus planos egoístas, e muitos nomes bíblicos que normalmente já se ouviu falar de forma diferente. 

Nos últimos capítulos, a história flui e a leitura adquire um ritmo mais acelerado, chegando a um grande final onde o autor, assim como alguns personagens, alcança sua redenção e o leitor sente-se feliz e satisfeito por ter insistido com a leitura no começo.

Resenhando "Concerto Campestre"

ASSIS BRASIL, Luiz Antonio de. Concerto Campestre. 12 ed. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009. 176 p. ISBN 8525407356.

Em "Concerto Campestre", Luiz Antonio de Assis Brasil nos leva à vida em uma estância no interior do Rio Grande do Sul, em meados do século XIX, onde vive o Major Antônio Eleutério Fontes com sua família, entre ela, sua unica filha mulher Clara Vitória. O gosto do Major pela música o leva a manter uma orquestra particular, a Lira Santa Cecília, regida por um Maestro mestiço vindo de Minas Gerais.
A trágica ópera (assim vista por Rossini, rabequista principal da orquestra) tem início no despertar do desejo mútuo entre o Maestro e a bela filha do Major, o que logo se torna um grande amor proibido.

Na vastidão do pampa, a orquestra toca, e para os apaixonados por música, é possível ouvir no fundo da alma os concertos campestres, ser transportado para os mágicos cenários dos campos gaúchos e sentir as aflições e alegrias da menina mulher Clara Vitória, assim como rir de passagens mais leves encontradas durante o percurso do livro.
Um deleite para músicos e para quem sabe ler partituras, já que estas são descritas muitas vezes pelo autor, e também para quem aprecia a história do Rio Grande do Sul e é curioso sobre os costumes da época.
Uma obra curta, mas as 176 páginas são tão profundas que é impossível esquecer facilmente o que foi lido e as linhas permanecem povoando a memória muito tempo depois, tornando quase impossível para algumas pessoas (como esta que vos escreve) a não releitura depois de alguns anos...

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Inverno

O inverno chega

Ela olha pela janela procurando enxergar dentro de si mesma

Ela vê as árvores com folhas escassas e sem nenhuma flor

O céu repleto de nuvens cinzas sem nenhuma estrela

As casas trancadas sem nenhuma janela aberta

E a neblina encobrindo tudo sem nenhum resquício de luz.

Ela não sabe se é dia ou noite

Porque tanto lá fora como dentro dela, tudo é escuridão

Como na natureza, ela sabe que apenas é preciso esperar a primavera chegar

Só que o inverno da natureza tem seu tempo contado

E o inverno dentro dela parece que durará para sempre

Ela está congelada por dentro e ninguém pode derreter a neve

As flores não nascem mais

Está tudo perigosamente silencioso

Ela sente falta do sol queimando sua pele

Mas já se acostumou com o vento cortante batendo em seu rosto, esvoaçando seus cabelos

O frio do inverno a faz lembrar todos os dias o quão fria ela é

Se a neve começar mesmo a cair, sua alma virará um lago de gelo

Onde muitos podem olhar através

Mas ninguém é capaz de atravessar.